Mudanças entre as edições de "Julia Pombo"

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a inescapabilidade nestas situações é uma possibilidade e a '''emissão de imobilidade''', após um período de '''enfrentamento ativo''', pode ter a função de '''conservação de energia''' para gasto em condições mais favoráveis, ou ser manifestação de um '''estado depressivo''' que evoluiu filogeneticamente para tornar indiferente o sofrimento da morte em condições adversas extremas.
 
a inescapabilidade nestas situações é uma possibilidade e a '''emissão de imobilidade''', após um período de '''enfrentamento ativo''', pode ter a função de '''conservação de energia''' para gasto em condições mais favoráveis, ou ser manifestação de um '''estado depressivo''' que evoluiu filogeneticamente para tornar indiferente o sofrimento da morte em condições adversas extremas.
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[[Arquivo: imobilidade animal.jpg]]
  
 
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Edição das 18h38min de 13 de janeiro de 2015

a proposta de investigar a imobilidade parte de processos criativos desenvolvidos com o corpo em suas possibilidades de mover, fragmentar, relacionar, e estar em limite, abrindo novos processos de subjetivação.

a imobilidade faz parte do mover, ela nunca é absoluta. o corpo passa por diversos e intensos processos de movimento, mesmo quando está visivelmente parado. a proposta busca um diálogo entre o invisível móvel e o visível imóvel – quais as distâncias e proximidades existentes entre esses dois estados? como uma coisa afeta a outra?

abrir a percepção para a imobilidade amplia as possibilidades de movimento.

aliados a esta pesquisa com/no corpo, estão a imagem (especialmente fotografia e vídeo) e a roupa (a costura). processos de criação em torno dessas questões vem sendo desenvolvidos, e todas essas coisas se relacionam e intercessionam.

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a imobilidade e os animais

a imobilidade corporal, promovida por mecanismos neurais ativos que suspendem a emissão de atividade motora dos músculos esqueléticos, é uma manifestação comportamental compartilhada por inúmeras espécies animais. assim, é possível observá-la durante o sono da maioria das espécies, nos filhotes de a mamíferos quando suspensos pela pele dorsal do pescoço pelas mães que os transportam seguros nos dentes, em predadores durante a espreita para emboscar uma presa, em vários animais em situações de alerta ou medo, em animais que mimetizam elementos inanimados do ambiente e em outras situações mais específicas, tal como nas fêmeas de muitas espécies durante a cópula. a ampla variedade de situações, a vasta gama topográfica das posturas de imobilidade e o número de espécies em que ela ocorre levaram a cunhar o termo respostas de imobilidade para designá-las em conjunto.

estas imobilidades têm funções adaptativas diferentes.

discute-se se existe uma resposta de imobilidade fundamental com expressões diferentes, induzida por uma série de estímulos diferentes e segundo a espécie considerada, ou se existem diferentes formas de imobilidade com diferentes características em cada espécie e diferentes formas de imobilidade coexistam em uma mesma espécie.

a imobilidade pertence à categoria de comportamentos de defesa, precedida inicialmente por emissão de comportamentos de enfrentamento e são respostas evocadas por uma situação de estresse.

a imobilidade se instala após período inicial de emissão intensa de tentativas de evasão da situação estressante e aversiva.

a inescapabilidade nestas situações é uma possibilidade e a emissão de imobilidade, após um período de enfrentamento ativo, pode ter a função de conservação de energia para gasto em condições mais favoráveis, ou ser manifestação de um estado depressivo que evoluiu filogeneticamente para tornar indiferente o sofrimento da morte em condições adversas extremas.

Imobilidade animal.jpg

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a imobilidade e a roupa

trajes que se destinavam a esconder o corpo pela rigidez e imobilidade.

durante mais de cinquenta anos, um dos recursos do tratamento psiquiátrico era utilizar uma camisa de lona resistente, com as mangas muito compridas e fechadas que eram amarradas firmemente, com cordões. os braços e a parte superior do corpo ficavam amarrados às costas, impedindo movimentos violentos e deixando o paciente imobilizado e inofensivo.

ele é despojado de suas roupas e vestido com as imensas vestimentas da instituição. as largas roupas o impedem de perceber as condições do próprio corpo. o espaço ocupado é sempre o mesmo - imóvel, caminha em círculos.