Mudanças entre as edições de "Janaina Carrer + Pedro Hurpia"
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Como provocar inquietações e criações poéticas em outras pessoas, a partir das idéias/conceitos/signos dos processos alquímicos? | Como provocar inquietações e criações poéticas em outras pessoas, a partir das idéias/conceitos/signos dos processos alquímicos? | ||
− | PROGRAMA INTUITIVO (aquele que nasceu no impulso): | + | ''PROGRAMA INTUITIVO (aquele que nasceu no impulso):'' |
− | - Sem rascunho e sem ideias pré-concebidas, escrever 7 cartas destinadas aos 7 companheiros do núcleo de performance 7direções. | + | ''- Sem rascunho e sem ideias pré-concebidas, escrever 7 cartas destinadas aos 7 companheiros do núcleo de performance 7direções. |
- Para cada um escolher 1 procedimento diferente existente na Alquimia, de acordo com o que a intuição disser que seria propício a ele(a). | - Para cada um escolher 1 procedimento diferente existente na Alquimia, de acordo com o que a intuição disser que seria propício a ele(a). | ||
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- Proposições comum a todos: escrever em fluxo automático, criar uma ação poética (performance/cena/roteiro) e me enviar vestígios/fotos por email. | - Proposições comum a todos: escrever em fluxo automático, criar uma ação poética (performance/cena/roteiro) e me enviar vestígios/fotos por email. | ||
− | - Outros dispositivos performáticos foram variáveis, de acordo com cada um e cada processo. | + | - Outros dispositivos performáticos foram variáveis, de acordo com cada um e cada processo.'' |
Que a disseminação provocativa de operações alquimicas sobre si se propague! | Que a disseminação provocativa de operações alquimicas sobre si se propague! | ||
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+ | ''Inicio comendo normalmente, provavelmente não vai me doer comê-las, penso. Logo na terceira fruta começo a enjoar. Aguento e sigo. Tento não fazer caretas. Como pode até um fruta boa me embrulhar o estômago? Penso que tudo em excesso é negativo. Disparo a pensar no excesso que penso. Começam os enjôos reais. Penso que devo vomitar. Pode ser isso, chegar ao excesso do excesso e despejá-lo na composteira. Mas penso que não é necessário. PARO. é demais pra mim. E é só o começo. Há tanto tanto para ser apodrecido e renovado…'' | ||
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+ | escrever sem parar durante 1 hora em uma máquina de escrever. sem chance para apagar nem arquivar. sem parar para pensar. rasgar o que se escreveu. lançar a terra para virar adubo de novos verbos''' | ||
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+ | ''Pensamentos que viraram palavras, palavras rasgadas que foram a terra.'' | ||
+ | ''Processo de matar vestígios antigos.'' | ||
+ | ''Pensamentos secos.'' | ||
+ | ''Sentimentos castradores.'' | ||
+ | ''Desejos apegados.'' | ||
+ | ''Medos enraizados.'' | ||
+ | ''Tudo vindo a tona em uma hora ininterrupta.'' | ||
+ | ''O pensamento corre mais devagar para o dedo acompanhar a máquina.'' | ||
+ | ''Desaceleração do pensamento e transformação deste em palavra real, sem volta, sem borracha, sem chance para 'rever'.'' | ||
+ | ''Processo (in)tenso, doloroso.'' | ||
+ | ''Lágrimas naturais quando você começa a se escutar.'' | ||
+ | ''Como posso ter pensado isso tanto tempo?'' | ||
+ | ''Hora de levar a terra e transformar.'' | ||
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+ | capinar o jardim sob o sol quente. separar o capim velho, feio e morto da grama. colocar ao sol até virarem galhos secos que serão usados na composteira.''' | ||
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+ | ''Meditação ativa. Começo ansioso. Puxa de um lado, puxa de outro. qual a melhor estratégia? Pouco a pouco a ação vence o pensamento. Relaxamento com suor. A criação surge em desenhos. A tranquilidade abre espaço para silêncios.'' | ||
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+ | '''Vale do Pavão, 21/01/2015''' | ||
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+ | '''PROGRAMA 4: Putrefação''' | ||
+ | '''Despejar-se na composteira. Cobrir com terra e galhos secos. permanecer o tempo que conseguir.''' | ||
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+ | ''Uma sensação angustiante de que não dará certo. Ansiedade e nervosismo que toma conta enquanto sinto a terra me cobrir. Formigamentos, coceiras, tensão, não consigo relaxar. falta terra? tem uma formiga aqui? escolhi a posição certa? Leva muito tempo até que, depois de estar coberta pela grama seca, olho para o céu com calma. Começo enfim a respirar. Meus olhos agora não conseguem se mover, fixo o azul do céu de tal forma que já não sinto nada. Um peso leva meu corpo para a terra. Um ar leve me suga para cima. Adormeço de leve.'' | ||
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+ | ''Algo se mexe ao meu lado, acordo. Olhos ao céu de novo; mal consigo mantê-los abertos. Um misto de sono e abondono do corpo. Leve flutuação acima da caixa. Deixo muitas coisas para a terra. Oscilo entre estar e voar.'' | ||
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+ | ''Tempo. Quanto tempo se leva para morrer?'' | ||
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+ | ''Um silêncio de pássaros me move. Aos poucos um corpo de ar quer se levantar. Não consigo com esta roupa-casca ficar e começo a me desvencilhar. Vou me embora para fora.'' | ||
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+ | ''Tempo. Quanto tempo se leva para (re)viver?'' | ||
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Edição atual tal como às 15h36min de 24 de janeiro de 2015
São Paulo 08/01/2015
Nuvem - residências de verão 2015
E foi com muita alegria que recebemos a notícia sobre a nossa residência artística no Nuvem - residências de verão 2015. Eu e Pedro já vínhamos realizando parcerias, principalmente com relação a uma série de trabalhos meus, intitulada Elementais, (você pode saber mais aqui [1]) mas está será a nossa primeira residência artística juntos. ;-) E para iniciar dividimos aqui nossa proposta inicial para o trabalho:
Durante a residência a performer Janaina Carrer e o artista visual Pedro Hurpia pretendem criar um espaço físico de terra para a Decomposição. A idéia é realizar ações performáticas a partir da metáfora de uma composteira orgânica. A proposta dá continuidade ao projeto Elementais, que consiste na realização de performances que se desdobram em imagens e/ou textos. Este processo de transmutação de linguagens está contido na própria temática: a Alquimia e seus procedimentos de transformação da matéria. Acredita-se que na Alquimia, a idéia de converter metais pesados em ouro seria uma metáfora para a transformação do ser humano, seu processo de transmutação a um estado superior de consciência. Operações sobre a “matéria”, corpos/objetos/metais, são também operações “espirituais”. A proposta agora é investigar o processo de “Decomposição” (ou Putrefatio). Parte da primeira etapa alquímica, na decomposição (elemento terra), a transformação da matéria orgânica em minerais é analogia para processos de crise e morte, a destruição do que não serve mais e o adubar de uma nova vida que pode surgir.
Para a residência o processo de criação consistirá em
1)construir um espaço de madeira e terra para ser o local de “compostagem”;
2)realizar diariamente caminhadas meditativas para recolher/lembrar/listar resíduos psicofísicos a serem despensados;
3)transformar este resíduos listados em elementos materiais (fotos, textos,etc) e, diarimante realizar uma ação performática e ritualistica para seu despejo;
4) Ao final da residência realizar uma ação final neste espaço.
Propomos que após a performance final realizemos um bate-papo sobre a pesquisa, além de disponibilizar na web da Nuvem as imagens produzidas nas ações diárias, bem como um texto final sobre a residência.
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São Paulo - 11 /01/ 2015
Enquanto o dia não chega seguimos com os preparativos (a imagem acima foi retirada da internet, em pesquisa de modelos para composteiras)
Com o tempo, as ideias ganham novos contornos e objetividades. Novas anotações no caderno surgem:
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Putrefatio
(ou Decomposição)
Objetivo:
- Criar uma “composteira orgânica” metafórica para todos os meus ‘restos’, o meu próprio lixo que pode agora virar ‘adubo’, fermentação de uma nova vida.
Métodos:
- Desenvolver e registrar ações que geram resíduos;
- Despejar diariamente os resíduos destas ações na composteira;
- Por último despejar a matéria principal para adubagem: meu corpo
Conteúdos e Processos:
DIGESTÃO -o ato de comer, o alimento que gera energia e vai embora. O que sobra daquilo que meu corpo ingere? A comida que escolho faz parte do que sou; é ela que também produz e forma meu corpo, meus hábitos, meus pensamentos. Despejar meus restos de comida, a primeira e mais simples ação de levar para a decomposição aquilo que meu deu vida e que vai gerar nova energia.
EXPURGAÇÃO - do verbo expurgar, eliminar aquilo que é prejudicial, ou corrigir defeitos e impurezas. Para este ato a matéria escolhida é a palavra, é por ela que pretendo expurgar os pensamentos/imagens/anseios negativos/enrijecidos/padronizados. No fluxo do pensamento que se torna palavra não falada, mas escrita. Uma escrita automática de longa duração, feita em uma máquina de escrever (sem direito a apagar, refazer, voltar ou arquivar). É este expurgo que vou despedaçar e devolver a terra; palavras/pensamentos que, expurgados, serão adubo para novas palavras/pensamento nascerem.
SEPARAÇÃO - do processo de separar as partes da matéria; isolar o positivo e o negativo; o trigo do joio. Esta ação ainda nãos e delineia muito bem para mim…o trigo e joio são ótimos elementos para este processo mas estão atrelados a um peso de moralidade religiosa, bíblica, que não me agradam… Processo necessário este de aprender a separar e distinguir os elementos/pesamentos/hábitos e forças que contenho e atravesso. Quais os ‘encontros potentes’ carrego em mim? Como distinguir o que me potencializa ou não? (Ver Spinoza. Pensar mais). O procedimento alquímico 'Separatio' consiste em distinguir os componentes desordenados da prima matéria, dar ordem ao caos, ter consciência dos contrários e separar os elementos. Que contrários caóticos preciso separar, ter consciência?
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São Paulo, 13/01/2015
Coisas boas da criação: quando se começa algo, outras surgem.
No teste da máquina de escrever para a ação na residência no Nuvem, me animo e inicio uma outra ação já desejada antes: escrever “cartas provocações alquímicas”.
Perseguida pela alquimia e pelo impulso de compartilhar.
Como provocar inquietações e criações poéticas em outras pessoas, a partir das idéias/conceitos/signos dos processos alquímicos?
PROGRAMA INTUITIVO (aquele que nasceu no impulso):
- Sem rascunho e sem ideias pré-concebidas, escrever 7 cartas destinadas aos 7 companheiros do núcleo de performance 7direções.
- Para cada um escolher 1 procedimento diferente existente na Alquimia, de acordo com o que a intuição disser que seria propício a ele(a).
- Proposições comum a todos: escrever em fluxo automático, criar uma ação poética (performance/cena/roteiro) e me enviar vestígios/fotos por email.
- Outros dispositivos performáticos foram variáveis, de acordo com cada um e cada processo.
Que a disseminação provocativa de operações alquimicas sobre si se propague!
E que o Vale do Pavão nos traga mais inspirações!
post by Janaina Carrer
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Vale do Pavão, 18/01/2015
Chegamos e o dia já começou com trabalho. Depois de um pulo no poço (merecido) construimos ela, "A Composteira" ;-)
ELA, escondindinha pra fazer segredo,rs.
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Vale do Pavão, 19/01/2015
PROGRAMA 1: Digestão
Ação básica, instintiva, primitiva: comer. Comer o máximo de frutas que conseguir. Guardar os restos. Despejá-los na composteira. Cobrir com grama seca.
Inicio comendo normalmente, provavelmente não vai me doer comê-las, penso. Logo na terceira fruta começo a enjoar. Aguento e sigo. Tento não fazer caretas. Como pode até um fruta boa me embrulhar o estômago? Penso que tudo em excesso é negativo. Disparo a pensar no excesso que penso. Começam os enjôos reais. Penso que devo vomitar. Pode ser isso, chegar ao excesso do excesso e despejá-lo na composteira. Mas penso que não é necessário. PARO. é demais pra mim. E é só o começo. Há tanto tanto para ser apodrecido e renovado…
(foto de registro)
No mesmo dia ainda fizemos uma caminhada atrás de terra para o último dia.
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Vale do Pavão, 20/01/2015
Dia intenso.
PROGRAMA 2: Expurgação escrever sem parar durante 1 hora em uma máquina de escrever. sem chance para apagar nem arquivar. sem parar para pensar. rasgar o que se escreveu. lançar a terra para virar adubo de novos verbos
Pensamentos que viraram palavras, palavras rasgadas que foram a terra. Processo de matar vestígios antigos. Pensamentos secos. Sentimentos castradores. Desejos apegados. Medos enraizados. Tudo vindo a tona em uma hora ininterrupta. O pensamento corre mais devagar para o dedo acompanhar a máquina. Desaceleração do pensamento e transformação deste em palavra real, sem volta, sem borracha, sem chance para 'rever'. Processo (in)tenso, doloroso. Lágrimas naturais quando você começa a se escutar. Como posso ter pensado isso tanto tempo? Hora de levar a terra e transformar.
PROGRAMA 3: Separação capinar o jardim sob o sol quente. separar o capim velho, feio e morto da grama. colocar ao sol até virarem galhos secos que serão usados na composteira.
Meditação ativa. Começo ansioso. Puxa de um lado, puxa de outro. qual a melhor estratégia? Pouco a pouco a ação vence o pensamento. Relaxamento com suor. A criação surge em desenhos. A tranquilidade abre espaço para silêncios.
E no mesmo dia um pouco mais de preparação na composteira para o que virá. E no rosto a alegria de aqui estar :-)
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Vale do Pavão, 21/01/2015
PROGRAMA 4: Putrefação Despejar-se na composteira. Cobrir com terra e galhos secos. permanecer o tempo que conseguir.
Uma sensação angustiante de que não dará certo. Ansiedade e nervosismo que toma conta enquanto sinto a terra me cobrir. Formigamentos, coceiras, tensão, não consigo relaxar. falta terra? tem uma formiga aqui? escolhi a posição certa? Leva muito tempo até que, depois de estar coberta pela grama seca, olho para o céu com calma. Começo enfim a respirar. Meus olhos agora não conseguem se mover, fixo o azul do céu de tal forma que já não sinto nada. Um peso leva meu corpo para a terra. Um ar leve me suga para cima. Adormeço de leve.
Algo se mexe ao meu lado, acordo. Olhos ao céu de novo; mal consigo mantê-los abertos. Um misto de sono e abondono do corpo. Leve flutuação acima da caixa. Deixo muitas coisas para a terra. Oscilo entre estar e voar.
Tempo. Quanto tempo se leva para morrer?
Um silêncio de pássaros me move. Aos poucos um corpo de ar quer se levantar. Não consigo com esta roupa-casca ficar e começo a me desvencilhar. Vou me embora para fora.
Tempo. Quanto tempo se leva para (re)viver?