Fedor do Animal (performance)

De wiki da nuvem
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Se uma mulher quer afugentar os maus cheiros, tem que ferver mirra vermelha, passá-la por uma peneira, amassar o pó com água de mirto e esfregar as partes genitais com o líquido. Esse remédio também faz desaparecer todas as emanações desagradáveis da vagina (…). Outro remédio é ferver lavanda com água de rosas moscadas. Com isso, encharca-se um pano de lã e esfrega-se a vulva até ficar quente (…). Outro remédio cuja eficácia é bem conhecida: alfarrobas desprovidas de nudosidades e casca de romã fervidas longo tempo em muita água. A mulher tomará com esta cocção um banho de assento (…) podendo obter-se o mesmo efeito graças a fumigações da vagina com fumo dos excrementos de vaca.

(D’O Jardim das delícias, em Cunus, Alberto Hernando, p. 75)


A assepsia é um mecanismo de exclusão, poder e controle. Vivemos um momento renovado de eugenismo, higienismo, destruição de cortiços. As relações com a sujeira passam por todo nosso corpo (comunidade de vida). Por toda a nossa cultura. E são ambos um só. Martina lambe a própria vagina num ato de higiene cíclica (sépsis). Ela come a sujeira. Ela limpa e cura com a baba. Queremos comer nossa imundície.



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