Corpo matéria - questão de gênero

De wiki da nuvem
Ir para: navegação, pesquisa

Criar trabalhos usando o corpo como ferramenta me possibilitou enxergar esse corpo como matéria, uma massa corpórea sem depender de gênero ou sexo. Ao entrar para o programa de mestrado e precisar buscar um objeto de pesquisa, me deparei com questões em minha produção criativa as quais não tinha dado atenção até então. O corpo como matéria também era assunto de gênero.

Assim, através de minha produção (visível no link: http://juliapombo.tumblr.com/), e da produção de outros artistas, venho desenvolvendo uma pesquisa sobre o corpo, a sexualidade e um existir melancólico proveniente de um constante questionamento das condições binárias as quais estamos submetidas quando pensamos em sexualidade. Pesquisa que busca meios de resistir e sobreviver numa era de ontologia declinante, buscando novos paradigmas, para essas questões, que não reivindique superioridade, mas seja melhor a partir do momento em que admita suas limitações. Limitada, dialogar com outras ideias – do passado e do presente – e assim, reascender em diversos campos disciplinares, a motivação para resistir, criticar, e interagir com a realidade social. Se a perda da polaridade paradigmática é deprimente para alguns, para outros, é profundamente frutífera.

É na busca por essas questões que começo a observar em muitos trabalhos, contemporâneos e passados, o esforço por superar as limitações identitárias que as mulheres reproduzem. Em minhas imagens, quando tento anular ou sobrepor as diferenças entre corpo feminino e masculino, entre corpo humano e objetos inanimados, ou quando um movimentar do corpo gera incertezas quanto a classificações, busco também livrar-me de marcas instituídas a priori para toda e qualquer pessoa: as marcas de gênero. Na tentativa de superar essas marcas, antes, reconhecer as diferenças de gênero de forma tão sofrida que preciso eliminá-las.

Como esse ponto de partida, proponho colocar em debate de que maneira as manifestações artísticas contemporâneas dialogam com as questões entendidas como feministas, e quais meios têm encontrado para produzir resistência às relações de poder/saber constituídas na vivencia da sexualidade e, conseqüentemente, das divisões de gênero enraizadas na sociedade. Questionando, inclusive, o que seria feminismo hoje. Além disso, pensar no intercâmbio entre obra e vida, produto e produção, identidade pessoal e profissional. Como mulheres e homens artistas tem se relacionado com as questões que colocam em sua produção criativa.

Assim, utilizando imagens de trabalhos, meus e de outros artistas, textos, entrevistas, e todo material possível, pretendo introduzir e estimular a conversa sobre como essa questão tão presente na vida é abordada na arte, e como essa criação pode, em contrapartida, afetar a vida.

http://juliapombo.tumblr.com/