Thaise Nardim

A cópia - manual, caligráfica, cursiva - como tecnologia educacional.

A proposta original chamava-schamava-se "re-inscrevendo a história da arte da performance". Venho tenho realizado alguns trabalhos problematizando a historiografia da arte da performance, problematizando os modos de realizar essas narrativas – propondo historiografias mais encarnadas, mais sensíveis, menos “narrativas” em sentido estrito, abertas à multiplicidade e, quiçá, aproximadas de “historiografias do sul”. A proposta que encaminho é de realizer a captação de imagens para um video em que eu apareça copiando, à mão livre, o livro “Arte da performance, do futurismo ao presente”, de Roselee Goldberg. Eu passaria algumas horas por dia em meio à natureza, instalada a cada dia numa paisagem diferente, copiando esse texto. Espero copiar tanto quanto possível, senão todo ele. Penso a princípio em copiar com caneta ou lapis sobre o papel de um caderno, mas acredito que possa fazer alguns experimentos de escrever com materiais colhidos na natureza sobre espaços naturais. Talvez o video final possa mesclar a cópia sobre papel com diversas escritas. Eu mesma realizaria a captação das imagens, com equipamento próprio.

Eu estive anteriormente na residência e, apesar de ter sido muito breve, a experiência foi muito proveitosa, em especial pelos contatos que estabeleci durante a estada, mas também pelo ambiente em geral. Acredito que a proposta conversa com os interesses que o espaço busca fomentar, e o espaço parece-me o mais adequado possível para o que eu gostaria de realizar. A ideia para este projeto nasceu dessa experiência anterior, quando não pude realizar o projeto que tinha em mente e acabei desenvolvendo um diário. A partir daí, comecei a investigar relações entre performance e escrita caligráfica, e o diário passou a integrar minha produção. A instalação e a performance “Não deixarei a caligrafia perder-se”, realizadas no SESC Palmas em 2013, nasceram desse diário da Nuvem.

www.thaisenardim.com Palmas, Tocantins.