Mudanças entre as edições de "Marcela Antunes"

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ODA A LA ARAUCARIA ARAUCANA, Pablo Neruda
 
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Sendo conhecida por uns tantos nomes populares, entre eles Pinheiro brasileiro e Pinheiro do Pará, é também chamada pelo seu nome de origem indígena, CURI.
 
Sendo conhecida por uns tantos nomes populares, entre eles Pinheiro brasileiro e Pinheiro do Pará, é também chamada pelo seu nome de origem indígena, CURI.
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interagindo e tentando entender este corpo com o meu corpo, parto para pesquisas, para encontros ao longe na paisagem, em brumas, em luas, em sol, em nuvens e em chuvas.  
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Interagindo com este corpo através do meu próprio, parto para encontros e descobertas ao longe na paisagem, em brumas, em luas, em nuvens e em chuvas.  
 
Parto para encontros ao perto, ela em verde e eu em branco. Ela marrom e eu morena. Trepando em seus galhos, colhendo sua piña, sua semente, sua fruta e seu pinhão.
 
Parto para encontros ao perto, ela em verde e eu em branco. Ela marrom e eu morena. Trepando em seus galhos, colhendo sua piña, sua semente, sua fruta e seu pinhão.
 
Ela molhada e eu seca, e vice-versa, e mutuamente em dois estados e reciprocamente em um estado.  
 
Ela molhada e eu seca, e vice-versa, e mutuamente em dois estados e reciprocamente em um estado.  
  
Roçando seus galhos em minhas mãos, levo suas farpas como matéria que me ajuda a me tornar casca; um corpo que vai se tornando curi.  
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Roçando seus galhos em minhas mãos, porto suas farpas como matéria que me ajuda a me tornar casca; um corpo que vai se tornando curi.  
E este curi sendo encontrado em pedaços vão sendo coletados, e seus ramos despedaçados vão se re-integrando; um curi que vai se tornando corpo.
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E este curi que vai sendo encontrado em pedaços, vai sendo coletado, e seus ramos despedaçados vão se re-integrando; um curi que vai se tornando corpo.
 
O encontro ainda lateja, foi linheiro e doloroso, como ela em sua paisagem, como nós naquele estado simples e suspenso, como tudo o que precede a extinção.
 
O encontro ainda lateja, foi linheiro e doloroso, como ela em sua paisagem, como nós naquele estado simples e suspenso, como tudo o que precede a extinção.
  
 
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Edição atual tal como às 19h26min de 17 de março de 2015

MG 1986-2.jpg


CORPO CURI




MG 2099-2.jpg


'... Araucaria,

follaje

de bronce con espinas,

gracias

te dio

la ensangrentada estirpe,

gracias

te dio

la tierra defendida,

gracias,

pan de valientes,

alimento

escondido

en la mojada aurora

de la patria:

corona verde,

pura

madre de los espacios,

lámpara

del frío

territorio,

hoy

dame

tu

luz sombría,

la imponente

seguridad

enarbolada

sobre tus raíces

y abandona en mi canto

la herencia

y el silbido

del viento que te toca,

del antiguo

y huracanado viento

de mi patria.


Deja caer

en mi alma

tus granadas

para que las legiones

se alimenten

de tu especie en mi canto.

Árbol nutricio, entrégame

la terrenal argolla que te amarra

a la entraña lluviosa

de la tierra,

entrégame

tu resistencia, el rostro

y las raíces

firmes

contra la envidia,

la invasión, la codicia,

el desacato.

Tus armas deja y vela

sobre mi corazón,

sobre los míos,

sobre los hombros

de los valerosos,

porque a la misma luz de hojas y aurora,

arenas y follajes,

yo voy con las banderas

al llamado

profundo de mi pueblo!

Araucaria araucana,

aquí me tienes!'

ODA A LA ARAUCARIA ARAUCANA, Pablo Neruda

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Andanças e araucárias:

Screen Shot 2015-03-06 at 18.50.35.png

Foto da desbravadora: Camila Lacerda


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Sendo conhecida por uns tantos nomes populares, entre eles Pinheiro brasileiro e Pinheiro do Pará, é também chamada pelo seu nome de origem indígena, CURI. Podendo atingir alturas de 50 metros, sua forma única e peculiar em nossas paisagens lembram a forma de uma taça ou umbela. A araucária, segundo a IUCN, está em perigo crítico de extinção: http://www.iucnredlist.org/details/32975/0

Interagindo com este corpo através do meu próprio, parto para encontros e descobertas ao longe na paisagem, em brumas, em luas, em nuvens e em chuvas. Parto para encontros ao perto, ela em verde e eu em branco. Ela marrom e eu morena. Trepando em seus galhos, colhendo sua piña, sua semente, sua fruta e seu pinhão. Ela molhada e eu seca, e vice-versa, e mutuamente em dois estados e reciprocamente em um estado.

Roçando seus galhos em minhas mãos, porto suas farpas como matéria que me ajuda a me tornar casca; um corpo que vai se tornando curi. E este curi que vai sendo encontrado em pedaços, vai sendo coletado, e seus ramos despedaçados vão se re-integrando; um curi que vai se tornando corpo. O encontro ainda lateja, foi linheiro e doloroso, como ela em sua paisagem, como nós naquele estado simples e suspenso, como tudo o que precede a extinção.

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MG 2043-2.jpg


O corpo curi quando ainda é corpo e quando ainda é curi,

espeta,

pesa,

resiste,

camufla,

e rasga o tronco de um quando o tronco do outro o sustenta

e arde quando as folhas de um caem sobre as do outro

O corpo curi enquanto corpo curi é o chifre de um corpo,

é um corpo com dois chifres.


O vento que sopra,

o sol que bate,

a água que desce,

a raiz solta no chão,

a pele pinha,

a tripa pinhão,


Adereço e proteção

Encontro de sutilezas

não mais em desapuro

é dança que espreguiça ao seu largo,

ao seu longo

e arrepia seu torso inteiro

integro,

sua corpulência que agora desvela

sua concretude que é brisa

e que resiste

e permanece mesmo em sua vulnerabilidade

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www.marcelaantunes.net : [[1]].

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                                                                              Marcelaantunes caminhadas4774.JPG
                                                                              
                                                                              Fotos da companheira de caminhadas: AnaKlaus