Mudanças entre as edições de "Joana Quiroga"

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Esta pequenina aventura-experiência, consiste, deste modo, num microcosmos do que acontece comigo neste novo corpo de ideias, ainda pura potência que, aos poucos, na investigação e cuidado das interações, transforma-se em sustento para o que está por vir.
 
Esta pequenina aventura-experiência, consiste, deste modo, num microcosmos do que acontece comigo neste novo corpo de ideias, ainda pura potência que, aos poucos, na investigação e cuidado das interações, transforma-se em sustento para o que está por vir.
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* Consiga um pote de vidro. Limpe-o usando água quente. Deixe que esfrie.
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* Faça uma mistura de farinha e água, filtrada ou mineral, na proporção de uma medida do primeiro para duas do segundo, até ficar homogêneo.
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* Cubra com um pano limpo, que permita a passagem de ar.
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* Deixe o pote em local ao abrigo da luz, do vento e do frio.
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* Aguarde. No mínimo um dia.
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* Observe.
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* Quando a mistura mudar seu cheiro e consistência, apresentando bolhas de ar, alimente-a com um pouco mais farinha e água, na mesma proporção do passo dois.
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* Cubra com um pano limpo, que permita a passagem de ar.
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* Deixe o pote em local ao abrigo da luz, do vento e do frio.
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* Aguarde.
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* Repita os passos de sete a oito. Número de repetições indefinido.
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* Quando perceber que a mistura sempre responde com bolhas depois que  alimentada, significa que tornou-se fermento e que está pronta para produzir o pão.
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Faz parte do projeto, alimentar e fazer crescer também este espaço virtual.
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* Na véspera, separe a quantidade que usará para produzir o pão. Proporção: tomando a farinha como referência, a quantidade de fermento deve ser trinta por cento do peso de farinha que se decidiu usar. Observação: duzentos gramas de fermento ocupam um pouco menos que duzentos mililitros.
 
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* A parte que será guardada para o próximo pão alimente como feito anteriormente. Agora este fermento poderá ser mantido em geladeira e consequentemente alimentado em intervalos maiores.
 
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* Alimente igualmente a parte separada para fazer o pão. Tampe e aguarde a resposta com muitas bolhas.
 
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* Transfira para uma vasilha grande suficiente para misturar todos os ingredientes. Medidas: para cada quilo de farinha, usa-se cerca de quatrocentos mililitros de água,e duas colheres de chá de sal. Mas tudo isso é variável. Talvez seja mais, talvez menos. Misture com as mãos ou uma colher até obter uma massa homogênea, úmida, mas que não grude muito nas mãos.
'''Trabalho para a residência de verão'''
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* Usando o peso de seu corpo, sove esta massa, até que perceba que sua consistência mudará: ela se tornará elástica e de textura mais uniforme.
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* Cubra a massa com um pano e ao abrigo do vento, luz e calor e frio excessivos. Deixe-a descansar, até que dobre de volume.
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* Retire o ar que se formou na massa, sove um pouco mais, e molde o pão. Deixe-o descansar, até que cresça novamente.
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* Pré-aqueça o forno em temperatura alta (entre duzentos e duzentos e vinte graus).
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* Asse-o até que ganhe uma cor dourada. Observação: o som do pão é um bom recurso para confirmar se ele está assado. Escute seu fundo.

Edição das 00h11min de 3 de fevereiro de 2015

Relato de uma pré-proposta de verão.

Sou uma mistura: formada em filosofia, me tornei pesquisadora de intervenções urbanas, curadora, cozinheira, fotógrafa, escritora. Por longos anos me obriguei a ser somente uma coisa, porém todas minhas tentativas fracassaram. O que percebi neste processo é que para mim há algo que unifica, ainda que não saiba explicar, tudo aquilo a que me dedico. De fato são tantas as relações que vejo entre estes e outros saberes que o único que se mostrou constante é a necessidade de revisitar este sentido que permite tais conexões e a reinvenção do modo de externá-lo. Isso me fez consentir de que não há como – nem porque – separar o que faço sendo mais ajustado, portanto, assumir e mergulhar neste indizível que me fundamenta.

No entanto, esta descoberta que relato é uma decisão muito nova – ainda que ela já houvesse sido tomada muito antes, sem que eu me desse conta, quando comecei a trilhar meu caminho pela arte. No momento presente o desafio se torna reunir aquilo em que atuo, deixando-o desenvolver desde esta nova perspectiva. Por isso a necessidade da pausa, do simples, sempre matéria tão fértil para o desafio de auscultar a complexidade. A oportunidade procurada com esta residência foi, portanto, propiciar novos diálogos entre estes saberes dando-lhes espaço para outros nascimentos, e buscar fazer do meu desconhecimento diante disso alimento para o futuro.

Por isso, propus para a residência algo simples e objetivo, no entanto cheio de simbolismos: fazer meu primeiro pão de fermentação natural. Neste tipo de fermentação uma das misturas de ingredientes mais básicas, farinha e água, é exposta ao tempo e ao espaço para que reaja às suas variações e às intempéries, exigindo daquele que deseja o pão a observação silenciosa e paciente. A fermentação nada mais é do que o processo de apodrecimento que, no entanto, se manejado de modo especial, num diálogo obediente às singelas e sutis demandas da vida que se torna presente naquela mistura, possibilita transformar a decomposição em alimento.

Esta pequenina aventura-experiência, consiste, deste modo, num microcosmos do que acontece comigo neste novo corpo de ideias, ainda pura potência que, aos poucos, na investigação e cuidado das interações, transforma-se em sustento para o que está por vir.



legendalegendalegenda

  • Consiga um pote de vidro. Limpe-o usando água quente. Deixe que esfrie.
  • Faça uma mistura de farinha e água, filtrada ou mineral, na proporção de uma medida do primeiro para duas do segundo, até ficar homogêneo.
  • Cubra com um pano limpo, que permita a passagem de ar.
  • Deixe o pote em local ao abrigo da luz, do vento e do frio.
  • Aguarde. No mínimo um dia.
  • Observe.
  • Quando a mistura mudar seu cheiro e consistência, apresentando bolhas de ar, alimente-a com um pouco mais farinha e água, na mesma proporção do passo dois.
  • Cubra com um pano limpo, que permita a passagem de ar.
  • Deixe o pote em local ao abrigo da luz, do vento e do frio.
  • Aguarde.
  • Repita os passos de sete a oito. Número de repetições indefinido.
  • Quando perceber que a mistura sempre responde com bolhas depois que alimentada, significa que tornou-se fermento e que está pronta para produzir o pão.


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  • Na véspera, separe a quantidade que usará para produzir o pão. Proporção: tomando a farinha como referência, a quantidade de fermento deve ser trinta por cento do peso de farinha que se decidiu usar. Observação: duzentos gramas de fermento ocupam um pouco menos que duzentos mililitros.
  • A parte que será guardada para o próximo pão alimente como feito anteriormente. Agora este fermento poderá ser mantido em geladeira e consequentemente alimentado em intervalos maiores.
  • Alimente igualmente a parte separada para fazer o pão. Tampe e aguarde a resposta com muitas bolhas.
  • Transfira para uma vasilha grande suficiente para misturar todos os ingredientes. Medidas: para cada quilo de farinha, usa-se cerca de quatrocentos mililitros de água,e duas colheres de chá de sal. Mas tudo isso é variável. Talvez seja mais, talvez menos. Misture com as mãos ou uma colher até obter uma massa homogênea, úmida, mas que não grude muito nas mãos.
  • Usando o peso de seu corpo, sove esta massa, até que perceba que sua consistência mudará: ela se tornará elástica e de textura mais uniforme.
  • Cubra a massa com um pano e ao abrigo do vento, luz e calor e frio excessivos. Deixe-a descansar, até que dobre de volume.
  • Retire o ar que se formou na massa, sove um pouco mais, e molde o pão. Deixe-o descansar, até que cresça novamente.
  • Pré-aqueça o forno em temperatura alta (entre duzentos e duzentos e vinte graus).
  • Asse-o até que ganhe uma cor dourada. Observação: o som do pão é um bom recurso para confirmar se ele está assado. Escute seu fundo.