Mudanças entre as edições de "Joana Quiroga"

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'''Proposta de trabalho para a residência de verão'''
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'''Proposta de trabalho para a residência de verão'''
 
   
 
   
Atuo em diversas frentes de trabalho: pesquisadora de intervenções urbanas, curadoria, cozinheira, fotografa, escritora. São tantas as interrelações que vejo em todos estes saberes que, mesmo após tantos trabalhos realizados, o único que evidenciou-se permanente é que o trabalho de exteriorização destas conexões necessita de manutenção e lapidação constantes. No momento presente tem sido difícil pra mim reorganizá-las no campo prático, por isso a necessidade desta pausa. A oportunidade procurada com esta residência é, então, fazer nascer novos diálogos entre estes saberes, dando-lhes espaço para outros nascimentos, e do meu desconhecimento deste futuro, uma atividade.
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'''Proposta de trabalho para a residência de verão'''
Por isso, proponho para a residência algo simples e objetivo, no entanto cheio de simbolismos: fazer meu primeiro pão de fermentação natural. Mas não somente, esta pequenina aventuraexperiência, servirá como  exercício para elaborar estes novos  mapeamentos de relações e projetos: irei fotografar o processo e relatá-lo num diário-ensaio em que o tempo, o espaço e  as intempéries da sua feitura serão um microcosmos do que acontece neste novo corpo de ideias, ainda pura potência, que, aos poucos, na observação e cuidado das interações, possa tornar-se sustento para o que está por vir.
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Sou uma mistura de muitas coisas: formada em filosofia, me tornei pesquisadora de intervenções urbanas, curadora, cozinheira, fotógrafa, escritora. Na verdade são tantas as relações que vejo entre estes e outros saberes que, mesmo após tantos trabalhos realizados, o único que permaneceu inalterado é a necessidade de lapidação e manutenção constantes do sentido que permite estas conexões e a reinvenção do modo de externá-las. No momento presente tem sido difícil reorganizá-las no campo prático, por isso a necessidade desta pausa, do simples, sempre matéria tão fértil para o desafio de auscultar a complexidade. A oportunidade procurada com esta residência foi, portanto, fazer nascer novos diálogos entre estes saberes, dando-lhes espaço para outros nascimentos, e buscar fazer do meu desconhecimento, alimento para o futuro.
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Por isso, propus para a residência algo simples e objetivo, no entanto cheio de simbolismos: fazer meu primeiro pão de fermentação natural. Neste tipo de fermentação uma das combinações de ingredientes mais básicas, farinha e água, é exposta ao tempo e do espaço, reagindo conforme suas variações e intempéries, exigindo daquele que deseja o pão, a observação silenciosa e paciente: pois a fermentação nada mais é do que o processo de apodrecimento que, no entanto, conduzido de modo especial, em diálogo obediente às silenciosas e sutis demandas da vida que se torna presente naquela mistura, possibilita transformá-lo em alimento. Esta pequenina aventura-experiência, é, deste modo, como um microcosmos do que acontece neste novo corpo de ideias, ainda pura potência, que, aos poucos, na observação e cuidado das interações, pode tornar-se sustento para o que está por vir.
  
  
Faz parte do projeto, alimentar e fazer crescer também este espaço.
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Edição das 23h50min de 29 de janeiro de 2015

Proposta de trabalho para a residência de verão

Proposta de trabalho para a residência de verão

Sou uma mistura de muitas coisas: formada em filosofia, me tornei pesquisadora de intervenções urbanas, curadora, cozinheira, fotógrafa, escritora. Na verdade são tantas as relações que vejo entre estes e outros saberes que, mesmo após tantos trabalhos realizados, o único que permaneceu inalterado é a necessidade de lapidação e manutenção constantes do sentido que permite estas conexões e a reinvenção do modo de externá-las. No momento presente tem sido difícil reorganizá-las no campo prático, por isso a necessidade desta pausa, do simples, sempre matéria tão fértil para o desafio de auscultar a complexidade. A oportunidade procurada com esta residência foi, portanto, fazer nascer novos diálogos entre estes saberes, dando-lhes espaço para outros nascimentos, e buscar fazer do meu desconhecimento, alimento para o futuro. Por isso, propus para a residência algo simples e objetivo, no entanto cheio de simbolismos: fazer meu primeiro pão de fermentação natural. Neste tipo de fermentação uma das combinações de ingredientes mais básicas, farinha e água, é exposta ao tempo e do espaço, reagindo conforme suas variações e intempéries, exigindo daquele que deseja o pão, a observação silenciosa e paciente: pois a fermentação nada mais é do que o processo de apodrecimento que, no entanto, conduzido de modo especial, em diálogo obediente às silenciosas e sutis demandas da vida que se torna presente naquela mistura, possibilita transformá-lo em alimento. Esta pequenina aventura-experiência, é, deste modo, como um microcosmos do que acontece neste novo corpo de ideias, ainda pura potência, que, aos poucos, na observação e cuidado das interações, pode tornar-se sustento para o que está por vir.


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