Mudanças entre as edições de "Aquiles Guimarães"

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'''vestimenta #1, 2015.'''
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'''vestimenta #1 [projeções], 2015.'''
  
  
 
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O projeto inicial enviado à residência consistia numa performance audiovisual de grupo baseada em gráficos de improvisação para osciladores de contato e intervenções ópticas no laser verde, técnica utilizada na instalação "Espectro, 2014" e também no vídeo-performance "...way out to a clearing..., 2013-14". Os instrumentos seriam construídos em oficina durante a residência e a performance realizada com os possíveis colaboradores presentes. Durante a fase de idealização surgiu a ideia de um traje para os integrantes da performance denotando um possível aspecto ritual. Como eu estava um pouco desgastado do trabalho de soldagem e programações frente ao laptop, decidi abandonar a montagem dos instrumentos para criar o tal traje. Esta mudança para uma ferramenta tecnológica um tanto antiga e familiar( a máquina de costura), ainda não explorada, direcionou a redescoberta de elementos constitutivos do meu processo criativo dentro de um novo contexto. Alguns dias antes de partir para a NUVEM eu havia ganho de minha mãe uma máquina de costura que ela tinha sobrando. (Assisti durante parte da minha infância minha mãe e avós operando máquinas e sempre me surpreendeu aquela paciência em ficar horas "a fio" costurando. Um ritual familiar dentro da casa de minha bisavó era a feitura anual da pamonha: meu irmão e eu ajudávamos a encher com o caldo as cascas de milho costuradas a máquina. Salvo os alfaiates, a costura é ainda uma atividade feminina em nossa sociedade. Este processo de aprendizado significou uma possível tentativa de compreensão do universo feminino, além do aspecto memorial relativo a minha própria infância.) Faltando 4 dias para o início da residência e percebendo que o tempo destinado não seria suficiente para realizar a roupa, decidi começar de antemão deixando a elaboração da performance para o tempo na NUVEM.  Fiz um rápido rascunho e empreendi a feitura da roupa que a este tempo já havia se tornado uma obra autônoma. Sua elaboração visou uma concepção modular que desencadearia ações perfomáticas. Com a roupa semi-terminada parti para a NUVEM sem a máquina de costura, pensando em terminar o que restava costurando a mão. Na residência estudaria as ações da performance e construiria a máscara que faltava para completar o traje, além de detalhes de acabamento. Por coincidência Mariana Farcetta, uma das residentes, havia trazido uma máquina de costura e me emprestou para que eu terminasse a roupa. Algumas ações foram realizadas com a roupa na NUVEM, a mais importante foi a construção de um mastro onde a roupa ficou suspensa. Esta ação gerou impressões nos residentes que através de conversas  me ajudaram a elaborar um corpo simbólico para a obra. Meditando um pouco sobre a ação de "projetar ao céu" a roupa percebi conexões com uma ação/objeto presente em outro trabalho motivado pela seguinte história: os chineses empinam uma pipa (pandorga, papagaio) quando se sentem muito tristes. O ato de empinar a pipa representa uma projeção que possibilita o refrigério do espírito. Neste trabalho eu realizava várias ações que considerei terapêuticas em relação ao estado emocional que me encontrava. Uma destas ações foi a construção de uma pipa sem o papel de seda, apenas armação, forma de representação de uma impossibilidade. Na minha leitura a pipa reaparece neste trabalho como o mastro e a roupa, desta vez a completude aponta para um devir. Foi realizada a construção da máscara modelando papel e cola sobre uma composição de pedras retiradas do côrrego que fica ao fundo do sítio, contudo o tempo úmido e chuvoso não permitiu a secagem da máscará. Acabei vestindo a roupa só na noite anterior ao dia de partida, usando faixas que cobriam o rosto e a cabeça. Foi realizado uma espécie de happening junto a instalação do Kinguio Casa Art Studio que ficava ao lado da casa da NUVEM. Iniciei um trajeto por dentro do côrrego do ponto atrás da sauna do sítio, utilizando as intervenções ópticas no laser projetadas na água e na vegetação. Chegando a instalação saí da água projetando alguns instantes o laser no chão, depois, tocando flauta, improvisei de forma livre para as pessoas que estavam sentadas ao redor da instalação. Atingindo uma nota pedal(E-mi)), toquei-a durante aproximadamente uma hora, realizando ostinatos improvisados sobre os parcias. Esta ação foi espacializada, circundando as pessoas que se encontravam sentadas na instalação. Por fim, dei uma volta na casa tocando a flauta, voltando a instalação ainda dei mais duas voltas, cada qual num sentido e voltei para o fundo do sítio dimunuindo em gradação o volume e aumentando a duração da nota.
 
O projeto inicial enviado à residência consistia numa performance audiovisual de grupo baseada em gráficos de improvisação para osciladores de contato e intervenções ópticas no laser verde, técnica utilizada na instalação "Espectro, 2014" e também no vídeo-performance "...way out to a clearing..., 2013-14". Os instrumentos seriam construídos em oficina durante a residência e a performance realizada com os possíveis colaboradores presentes. Durante a fase de idealização surgiu a ideia de um traje para os integrantes da performance denotando um possível aspecto ritual. Como eu estava um pouco desgastado do trabalho de soldagem e programações frente ao laptop, decidi abandonar a montagem dos instrumentos para criar o tal traje. Esta mudança para uma ferramenta tecnológica um tanto antiga e familiar( a máquina de costura), ainda não explorada, direcionou a redescoberta de elementos constitutivos do meu processo criativo dentro de um novo contexto. Alguns dias antes de partir para a NUVEM eu havia ganho de minha mãe uma máquina de costura que ela tinha sobrando. (Assisti durante parte da minha infância minha mãe e avós operando máquinas e sempre me surpreendeu aquela paciência em ficar horas "a fio" costurando. Um ritual familiar dentro da casa de minha bisavó era a feitura anual da pamonha: meu irmão e eu ajudávamos a encher com o caldo as cascas de milho costuradas a máquina. Salvo os alfaiates, a costura é ainda uma atividade feminina em nossa sociedade. Este processo de aprendizado significou uma possível tentativa de compreensão do universo feminino, além do aspecto memorial relativo a minha própria infância.) Faltando 4 dias para o início da residência e percebendo que o tempo destinado não seria suficiente para realizar a roupa, decidi começar de antemão deixando a elaboração da performance para o tempo na NUVEM.  Fiz um rápido rascunho e empreendi a feitura da roupa que a este tempo já havia se tornado uma obra autônoma. Sua elaboração visou uma concepção modular que desencadearia ações perfomáticas. Com a roupa semi-terminada parti para a NUVEM sem a máquina de costura, pensando em terminar o que restava costurando a mão. Na residência estudaria as ações da performance e construiria a máscara que faltava para completar o traje, além de detalhes de acabamento. Por coincidência Mariana Farcetta, uma das residentes, havia trazido uma máquina de costura e me emprestou para que eu terminasse a roupa. Algumas ações foram realizadas com a roupa na NUVEM, a mais importante foi a construção de um mastro onde a roupa ficou suspensa. Esta ação gerou impressões nos residentes que através de conversas  me ajudaram a elaborar um corpo simbólico para a obra. Meditando um pouco sobre a ação de "projetar ao céu" a roupa percebi conexões com uma ação/objeto presente em outro trabalho motivado pela seguinte história: os chineses empinam uma pipa (pandorga, papagaio) quando se sentem muito tristes. O ato de empinar a pipa representa uma projeção que possibilita o refrigério do espírito. Neste trabalho eu realizava várias ações que considerei terapêuticas em relação ao estado emocional que me encontrava. Uma destas ações foi a construção de uma pipa sem o papel de seda, apenas armação, forma de representação de uma impossibilidade. Na minha leitura a pipa reaparece neste trabalho como o mastro e a roupa, desta vez a completude aponta para um devir. Foi realizada a construção da máscara modelando papel e cola sobre uma composição de pedras retiradas do côrrego que fica ao fundo do sítio, contudo o tempo úmido e chuvoso não permitiu a secagem da máscará. Acabei vestindo a roupa só na noite anterior ao dia de partida, usando faixas que cobriam o rosto e a cabeça. Foi realizado uma espécie de happening junto a instalação do Kinguio Casa Art Studio que ficava ao lado da casa da NUVEM. Iniciei um trajeto por dentro do côrrego do ponto atrás da sauna do sítio, utilizando as intervenções ópticas no laser projetadas na água e na vegetação. Chegando a instalação saí da água projetando alguns instantes o laser no chão, depois, tocando flauta, improvisei de forma livre para as pessoas que estavam sentadas ao redor da instalação. Atingindo uma nota pedal(E-mi)), toquei-a durante aproximadamente uma hora, realizando ostinatos improvisados sobre os parcias. Esta ação foi espacializada, circundando as pessoas que se encontravam sentadas na instalação. Por fim, dei uma volta na casa tocando a flauta, voltando a instalação ainda dei mais duas voltas, cada qual num sentido e voltei para o fundo do sítio dimunuindo em gradação o volume e aumentando a duração da nota.

Edição das 21h02min de 16 de fevereiro de 2015

vestimenta #1 [projeções], 2015.



O projeto inicial enviado à residência consistia numa performance audiovisual de grupo baseada em gráficos de improvisação para osciladores de contato e intervenções ópticas no laser verde, técnica utilizada na instalação "Espectro, 2014" e também no vídeo-performance "...way out to a clearing..., 2013-14". Os instrumentos seriam construídos em oficina durante a residência e a performance realizada com os possíveis colaboradores presentes. Durante a fase de idealização surgiu a ideia de um traje para os integrantes da performance denotando um possível aspecto ritual. Como eu estava um pouco desgastado do trabalho de soldagem e programações frente ao laptop, decidi abandonar a montagem dos instrumentos para criar o tal traje. Esta mudança para uma ferramenta tecnológica um tanto antiga e familiar( a máquina de costura), ainda não explorada, direcionou a redescoberta de elementos constitutivos do meu processo criativo dentro de um novo contexto. Alguns dias antes de partir para a NUVEM eu havia ganho de minha mãe uma máquina de costura que ela tinha sobrando. (Assisti durante parte da minha infância minha mãe e avós operando máquinas e sempre me surpreendeu aquela paciência em ficar horas "a fio" costurando. Um ritual familiar dentro da casa de minha bisavó era a feitura anual da pamonha: meu irmão e eu ajudávamos a encher com o caldo as cascas de milho costuradas a máquina. Salvo os alfaiates, a costura é ainda uma atividade feminina em nossa sociedade. Este processo de aprendizado significou uma possível tentativa de compreensão do universo feminino, além do aspecto memorial relativo a minha própria infância.) Faltando 4 dias para o início da residência e percebendo que o tempo destinado não seria suficiente para realizar a roupa, decidi começar de antemão deixando a elaboração da performance para o tempo na NUVEM. Fiz um rápido rascunho e empreendi a feitura da roupa que a este tempo já havia se tornado uma obra autônoma. Sua elaboração visou uma concepção modular que desencadearia ações perfomáticas. Com a roupa semi-terminada parti para a NUVEM sem a máquina de costura, pensando em terminar o que restava costurando a mão. Na residência estudaria as ações da performance e construiria a máscara que faltava para completar o traje, além de detalhes de acabamento. Por coincidência Mariana Farcetta, uma das residentes, havia trazido uma máquina de costura e me emprestou para que eu terminasse a roupa. Algumas ações foram realizadas com a roupa na NUVEM, a mais importante foi a construção de um mastro onde a roupa ficou suspensa. Esta ação gerou impressões nos residentes que através de conversas me ajudaram a elaborar um corpo simbólico para a obra. Meditando um pouco sobre a ação de "projetar ao céu" a roupa percebi conexões com uma ação/objeto presente em outro trabalho motivado pela seguinte história: os chineses empinam uma pipa (pandorga, papagaio) quando se sentem muito tristes. O ato de empinar a pipa representa uma projeção que possibilita o refrigério do espírito. Neste trabalho eu realizava várias ações que considerei terapêuticas em relação ao estado emocional que me encontrava. Uma destas ações foi a construção de uma pipa sem o papel de seda, apenas armação, forma de representação de uma impossibilidade. Na minha leitura a pipa reaparece neste trabalho como o mastro e a roupa, desta vez a completude aponta para um devir. Foi realizada a construção da máscara modelando papel e cola sobre uma composição de pedras retiradas do côrrego que fica ao fundo do sítio, contudo o tempo úmido e chuvoso não permitiu a secagem da máscará. Acabei vestindo a roupa só na noite anterior ao dia de partida, usando faixas que cobriam o rosto e a cabeça. Foi realizado uma espécie de happening junto a instalação do Kinguio Casa Art Studio que ficava ao lado da casa da NUVEM. Iniciei um trajeto por dentro do côrrego do ponto atrás da sauna do sítio, utilizando as intervenções ópticas no laser projetadas na água e na vegetação. Chegando a instalação saí da água projetando alguns instantes o laser no chão, depois, tocando flauta, improvisei de forma livre para as pessoas que estavam sentadas ao redor da instalação. Atingindo uma nota pedal(E-mi)), toquei-a durante aproximadamente uma hora, realizando ostinatos improvisados sobre os parcias. Esta ação foi espacializada, circundando as pessoas que se encontravam sentadas na instalação. Por fim, dei uma volta na casa tocando a flauta, voltando a instalação ainda dei mais duas voltas, cada qual num sentido e voltei para o fundo do sítio dimunuindo em gradação o volume e aumentando a duração da nota.