Ana Costa Ribeiro
TERMODIELÉTRICO é um projeto de curta-metragem - com possíveis saídas para instalações - que visa pesquisar poética e plasticamente o “efeito termodielétrico”, descoberto por meu avô, o físico Joaquim da Costa Ribeiro, em 1944.
Ao investigar as pesquisas de física experimental realizadas por meu avô, pretendo me colocar em contato com uma das histórias mais marcantes que ouvi na infância: a de que meu avô Joaquim, que nunca conheci, havia feito uma grande descoberta científica - a de como se formam os raios no céu.
Durante as pesquisas com eletretos, Costa Ribeiro observou que, para o eletreto se formar, a corrente elétrica era desnecessária: bastava a natural solidificação do material isolante, após ser derretido por aquecimento. Isto é, a mudança no estado físico dos dielétricos era, por si só, capaz de eletrificar esses materiais, desde que uma das fases envolvidas na transição fosse a sólida.
Por meio desse projeto, busco a memória de um avô que não conheci em vida, mas que sempre me foi transmitida através de sua história científica, sobretudo no que diz respeito à descoberta do efeito termodielétrico. O período de residência na NUVEM impulsionou o início do processo criativo desse trabalho através de testes de filmagem e pesquisas de linguagem.
Através do registro de sons, fotografias e imagens em movimento, bem como da construção de textos poéticos impulsionados pela reflexão sobre as descargas elétricas no céu, estabeleço uma ponte entre as pesquisas científicas de meu avô, a memória afetiva de meu pai, e minha prática enquanto artista e escritora.
TERMODIELÉTRICO é o segundo filme da TRILOGIA DO DESLOCAMENTO, que se iniciou com o curta-metragem ARPOADOR, e que seguirá com o curta-metragem PONTAL. Os três filmes fazem parte de meu projeto de pesquisa de doutorado no Instituto de Artes da UERJ, intitulado POÉTICAS DO DESLOCAMENTO: CORPO, MEMÓRIA, PAISAGEM.
DIA 1
PRELÚDIO
Para ouvir a chuva, aproximar a orelha do solo.
https://soundcloud.com/termodieletrico/para-ouvir-a-chuva-aproximar-a-orelha-do-solo
DIA 2
ESTUDO PARA TEMPESTADE
Se não se pode filmar a tempestade, criar a tempestade.
DIA 3
ESTUDO PARA NEBLINA
Para ver a neblina, fazer uma montagem difusa.
DIA 4
ESTUDO PARA UMIDADE
Depois da chuva, a mata respira.
DIA 5
EPÍLOGO
Qual é o seu raio?
Agradecimentos:
Nikolas Borba e Pedro Parrachia