Gabriel Menotti + Ignez Capovilla
Índice
Idéia inicial
Pretendemos visitar a Nuvem para documentar o funcionamento do programa de residências por meio de fotos, vídeos e entrevistas. A experiência seria contextualizada pelo registro da paisagem doméstica do local e da região de Visconde de Mauá. Essa “meta-residência” constituiria parte de uma pesquisa acadêmica mais abrangente sobre práticas artísticas contemporâneas e plataformas de intercâmbio, focada principalmente no papel de instituições de pequeno e médio porte para o fomento de uma produção cultural que se relacione de maneira crítica com o desenvolvimento tecnológico e midiático. Outras instituições já sondadas foram Deckspace (Londres, Inglaterra) e o Access Space (Sheffield, Inglaterra). O levantamento de informações será apresentado na forma de um relatório ilustrado.
Tentativas de se aproximar da Nuvem
No caminho para a residência, tentávamos pensar métodos para levantar dados sobre o hacklab rural que não se intrometessem na experiência do espaço proporcionada por ele. As extraordinárias conexões de ônibus já sinalizavam que a imersão na Nuvem não representaria um isolamento laboratorial no nosso próprio trabalho. Estávamos nos preparando, isso sim, para entrar em outro ritmo de vida. Contingente, a pesquisa etnográfica precisaria se tornar menos observação e mais participante, comprometida com tarefas cotidianas - e também o com seu próprio exame, gerando esta documentação.
Para tanto, tentamos destacar alguns exercícios que, em meio a rotina, nos colocassem em um modo de atenção dedicado a: 1) examinar as estruturas necessárias para o funcionamento da Nuvem e 2) capturar informações visuais e sonoras que pudessem ser posteriormente analisadas e/ou transformadas.
Entrevista com os 'gestores'
No primeiro dia, sequestramos Cinthia e Bruno para uma conversa sobre as noções de arte e tecnologia implícitas no projeto, suas motivações, atividades passadas e futuras. Embora já tivéssemos descoberto boa parte dessas coisas nos papos da noite anterior, foi bom criar uma situação dedicada à coleta de informações e produção de um registro sonoro completo. Como esperado, o isolamento não durou muito. Logo a Mel veio se apresentar para gente.
Vigília das refeições
De cara percebemos como o momento das refeições era precioso para o nosso projeto. Ali se cria uma intersecção entre o ritmo de trabalho dos vários residentes, em que todos se reúnem no mesmo tempo-espaço. Naturalmente, surge um fórum sobre temas variados, do desenvolvimento urbano à culinária vegan. Para darmos conta dessas pautas expontâneas, começamos a registrar as conversas e fotografar as configurações da mesa.
Caminhada até Mauá
Na manhá do segundo dia fomos até Mauá para tentar descobrir se seria viável pegar um ônibus de lá bem cedo no Domingo. Não seria (não pra gente de mala). De todo modo, a caminhada serviu para nos dar uma noção parcial do contexto geográfico do hacklab e mais bem compreender seu entorno socio-técnico.
Exploração pormenorizada do sítio
De modo a fazer um levantamento mais sistemático de vários elementos que haviam chamado nossa atenção, realizamos uma perambulação de cerca de uma hora pelo lugar, fotografando e explicando o que víamos para o gravador (com base em informações que já nos haviam sido passadas previamente e insights diversos). O momento foi bom porque fazia sol e a maior parte dos residentes havia ido a cachoeira do Marimbondo. Nesse percurso, também pudemos conversar mais demoradamente com a Luciana (que estava trabalhando na sala de jantar).
Desenvolvimentos futuros
O objetivo primário é utilizar os dados recolhidos numa pesquisa sobre as interações entre produção artística / desenvolvimento tecnólogico e os seus variados contextos. Além disso, também seria interessante preparar uma reportagem mais descritiva sobre a Nuvem, que atinja um público mais abrangente. Por fim, as informações serão úteis para guiar a implementação de um hacklab na região da Grande Vitória.