Heike Kuhlmann

De wiki da nuvem
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Natureza e lixo

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I wrote in my application that I would like to take the time to reflect on this travel in Brasil and during the last months, what mostly intrigues me is the beauty of the nature and on the same time the amount of plastic everywhere and the use of plastic all day long in our life. So much beauty everywhere. So much rubbish all day long. It seems like everything needs to be out of plastic and "descartavel". When we took the bus from Chapada Diamantina to Brasilia, the bus needed to be cleaned from rubbish twice - it is a fourteen hours travel. When we went to a nature ressort which was supposed to be sustainable, they sold the drinks from latas e garafa de plastico. Even if you are in the middle of the jungle you find plastic rubbish. We cannot eat plastic, can we dance it? I am traveling with my daughter, age of five, not all lot of experience in nature. When I see her in the woods, near the waterfalls an incredible energy drives her, on the road this energy is gone. I live in a big city in Germany, not a lot of nature there, also a lot of plastic. I read a lot about the effects of plastic, so I am wondering how to work on that artistically. So I have the idea to create a plastic dress to dance with it.

To see how beautiful my dance will be in my new plastic dress. It is so important how woman are dressed, so much time, so much money, for the beauty of woman, for what? So now I am trendy, I have my lovely plastic dress and I am dancing with it. So I will win the next beauty contest. Than I can trademark it and will be rich. The new fabric will be produced in the middle of the nature. It will be sustainable because the production of the dresses will use all the rubbish. It will create more working places, because the workers need to select, cut and clean the plastic rubbish in order to use the material for the dress production. Not all plastic is useful, just specific plastic components can be used. So it is a very expensive and extensive production, maybe I should seel it to Klaus Lagerfeld or some other fashion designer. Discussions, colonial history, plastic dress which glues on my skin, glue of the past, not to be unglued until... until what, what needs to happen, so that we can transform this traumatic history of humanity in equal trades, equal access and conscious communication and behaviour. When will we not be led by the money making multinationals, who do not at all think of us. When will we not be calmed by the material beauty of our consumer culture.

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The dress:

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In the following is my documentation of this process:


LOOK HOW BEAUTIFUL I AM - I AM NESTLE & COCA-COLA

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Nuvem 27.1.2014'

chegando lentamente,

cruzando meio Brasil,

entrando no Brilho da Lua,

outro mundo,

tantos mundos já cheiramos, tocamos, ouvimos, vimos e

deixamos

saímos

Amazonas, mundo contato

estando em estado de dança,

presença

mercado de Manaus,

cheiro

sambaqui, comendo peixe, caranguejo,

não vi a fruta de Acai,

que tanto queremos ver e até levar no mundo de donde

chegamos

jacaré,anaconda,

água, tanta água

se precisa para produzir plastico

tantos lixos dentro do mar

cachoeiras, imensas, divinas,

formações de pedras,

a forca da terra

Coca Cola, Nestlé faz bem,

em um dia quanto plastico usamos

na viagem para Brasilia o ônibus foi limpado de plastico duas vezes,

o seringueiro precisa fazer uma semana para fazer uma bola grande de borracha

umas empresa japonesas pensam em usar de novo a vaporização para produzir o plastico

que dura mais,

mais natural

Amazonas,

exportado

tantas vezes,

em estado de dança

em estado de festa

bebe gelado,

fique feliz

eu quero,

mamãe,

eu quero

....

sentindo, chegando

observando,

mundos cruzando palavras

cheirando sentidos

ouvindo o vento soprar,

a estrela fugaz trazendo

um desejo que já se realizou

ver o Amazona antes que não tem mas

mundos dentro de mundos,

e alguns mundo fiquem tao longe e são tao parecidos,

outros

estão do lado mas são mas distantes,

não tem dialogo,

como vão a dançar contato

como um mundo pode ficar ao lado tolerando

que espaço esta criado disso

como se vê a coreografia

que mundo dança que,

qual sistema do corpo e o plastico

aonde temos as cachoeiras dentro de nós

cascadas de informações

folhas, folias,

focagem de um fio condutor

em nessa historia toda,

para que sirva que uma europeia vem ao Brasil

para ver todos esses mundos,

chocada de tantas crianças bebendo Coca-Cola

chocada de tanta beleza que não vale nada

respira bem

muitos animais morrem de respirar tanto plastico

já penso a onde o plastico fica dentro de nós, se fossemos animais,

o hotel na floresta, queremos viver o mas sustentável, mas cada refeição se vende Coca-Cola,

cerveja em lata, garrafa de água feito de plastico

dançando, respirando, percebendo, amor, pura vida, que alegria

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Fotos da filmagem dia 28.1.2014, Fotos tirada dos filmes da Angela, Thais e Fabiola

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À noite eu disse: Estou com muito sono, aí a Thais me respondeu: Mas é claro, você nasceu três vezes.

Minha proposta tinha sido trabalhar com lixo e natureza. Queria fazer um vestido de lixo, fazer um ninho de lixo e um de folhas, comecar a dança dentro do ninho e nascer e dançar as experiêncas que tive, espressar o que vi, cheirei, toquei, escutei durante as quatro semanas aqui no Brasil, expressar o que não posso por em palavras. Aí vi que tinha guardado lixo para mim, eu escolhi o lixo que serve, o lavei e botei no sol. Isso já junto com minha filha. Mas como a Cinthia me tinha falado de mais lixo que tinhan guardardo - fui lá, vi um monte de garrafas, latas, começo a pegar garrafas e botar elas no espaço, fui fazendo e criando, sem muito pensar como vai ser no final, fui criando um espaço, pensando em dançar dentro. Fazer uma primeira dança para que as mulheres artistas que se iam no dia seguinte.

Faço uma espiral de garrafas e latas, começo ver as folhas, acho umas palmeiras, planto elas no meio da espiral, junto lixo ao redor, planto uma outra palmeira no final da espiral. Eu e a Selma tiramos fotos do processo. Quando vou com minha filha no rio, na pausa, na recreação, mas no estado de dança, de percepção, tempo, espaço. Lá no rio andamos, falamos. E aí que encontro uma árvore, bem especial, ela tem um buraco, que parece um ninho, vou lá, para examinar ela melhor, descubro que não é um buraco, é mais uma passagem, porque tem duas saídas, e um caminho de cima para baixo. Vou subindo nela, a examinando, experimentando passar e chamo uma pessoa para filmar.

Não é facil passar, sinto preocupação por causa de animais, bichos que talvez podem ser venenosos, tocar mesmo a terra, meu movimento meio rápido, não conheço, que passo fazer, não percebo que ainda estou meio afastada da árvore, do ambiente no qual estou. Só agora refletindo me dou conta da mulher da cidade dentro de mim, que tem medo de se sujar, dos preconceitos que estão na minha cabeça, como tenho que fazer, e o que quer dizer limpo, o que quer dizer natureza.

Natureza posso ver.

Natureza não sou eu.

Natureza encontro, mas longe de mim.

Nao sou natureza.

ainda.

De tarde vamos filmar a passagem com várias câmeras.

Voltando no lugar, mudou a atmosfera, não tem mais sol. E escuro, parece muito diferente. Comprei filme PVC, que queria usar para começar a performance que tinha pensado antes, só que agora o lugar é diferente, vamos improvisar, vamos lá, deixando o processo se desenrolar.

Passo o buraco três vezes, a última vez toda enrolada em plástico, penso que pareço uma camisinha.

A água está gelada. Cada vez conheço melhor, posso relaxar mais, encontro mais com o yield, a conexão com a terra, com a árvore, respirar mais, percebo mais, me conecto mais, encontrando detalhes que não tinha tocado, onde não tinha ido. Improvisação, encaixo mais. A última vez com plástico já é diferente, tem uma coisa entre mim e a natureza, e agora me vem a imagem da bolsa amniótica. Quando entro na água, água entra meu corpo, me separa do plástico.

Terminamos, não, subimos na grama, começo de novo, no espaco que criei de manhã, tiro o plástico de meu corpo, percebo que é dança ainda, continuação, deixo o tempo, percebo melhor, vou tirando o plástico e deixando ele em cima da palmeira, lixo orgânico que plantei no meio da espiral.

O bicho que nasceu está tirando o resto da bolsa na qual ficou durante a gestação. Termino descansando na grama, saio do processo meio sem transição, o frio está tomando conta, tomo banho, meio inconsciente do que aconteceu, só agora levantando da cama, refletindo sobre o processo, um pouco com distância, posso ver as conexões, vejo o que faz sentindo em todo o processo.

Estar em estado de dançar e deixar fluir, deixar tomar conta o que precisa ser feito, escutar o espaço, o corpo, o que tem que ser feito.

2.2.2014 Natureza e lixo - final

Último dia, convidei as pessoas para participar numa sessão prática que seria finalizada por uma curta performance solo. A sessão prática consistia de três exercícios, o primeiro era o small dance do Steve Paxton, depois o chuveirão e o balanço de peso, e o terceiro era ser guiado com olhos fechados e receber o convite de tocar diferente texturas. Eu tinha preparado tres baldes: um com água, um com lixo e um com folhas secas. Depois eu precisei de tempo para botar o meu vestido de lixo. Embaixo dele eu usei o filme PVC para cobrir metade de meu corpo. Eu comecei dentro do ninho que tinha preparado antes. Um ninho feito de folhas secas e caixas de leite cortadas. Eu comecei nascendo do ninho, a inspiração dos movimentos vinha da nossa viagem anterior no Amazonas, usando jacará, cobra, pássaros, onça como inspiração. Já nesses movimentos eu sentia, percebia que o meu vestido estava começando a rasgar. Assim que com o movimento levantei, me transformando em humano, caminhando, inspirada pelos modelos de moda, me voltando para o público e começando a rasgar o resto do vestido, tirando a parte de lixo que tinha colado com calma, com cuidado, tomando tempo para olhar.

Antes tinha pensando muito porque tinha que rasgar ele, mas com cada experimento que fiz, me dei conta da fragilidade do vestido. Não aguentou nem água nem movimento, mesmo bem colado com cola quente, rasgava. Não tinha como levar ele comigo para continuar a fazer outras performances. O plástico parece que é só para ser usado uma vez, talvez reciclado, uma vez mais. O meu vestido já era reciclado do lixo que tinha coletado. Entao me liberei do vestido e fiquei de pé, meio envolvida por plastico, meio pelada. Mesmo sem roupa ainda fica o plástico, como para os animais no mar. Terminamos com uma roda para compartilhar as experiências de todo este processo.

Os links dos vídeos: http://vimeo.com/85576951

http://www.youtube.com/watch?v=bSVZMLXfUAs