Descristalização

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Descristalização 27-28/maio 2011, Londres (Jonathan Kemp)

Suponha um sistema que consiste em dois recipientes contendo um total de 10 moléculas azuis e 10 moléculas vermelhas. Há apenas uma configuração com a qual as moléculas podem ser arranjadas de maneira que as 10 moléculas azuis estão em um recipiente e as outras 10 estão em outro. Por outro lado existe um grande número de maneiras em que podemos arranjar 5 de cada cor em cada um dos recipientes.

“Entropic View of Computation” in Mead, C., Conway, L., Introduction to VSLI Systems, (Reading, Mass.: Addison Wesley, 1980), p. 366


Descristalizacao foi uma oficina de dois dias e um evento de performance em ambiente fechado que aconteceu no final da primavera 2011 em Londres. Jonathan Kemp (http://xxn.org.uk) and Ryan Jordan (http://ryanjordan.org) conceberam o evento em torno de duas premissas:

1) Que a vida em si inicia-se de cristais aperiódicos (a la Erwin Schrödinger ) codificando infinitos futuros num pequeno número de átomos, a cristalização da carne pelo Capital limita estes futuros ao ponto da exaustão,

2) Se os computadores e os minerais quais estes são feitos são considerados similarmente cristalinos, então a sua descristalização, que é um aumento na sua desordem, é possível através de uma realimentação positiva que irrompe e escala a entropia através de suas estruturas e descamba na sua patologia presente, Capital.

No Dia Um da oficina participantes destruíram placas/componentes de laptops e converteram alguns componentes minerais incluindo cobre/ouro/prata através da execução de vários processos químicos voláteis. Embora atividades como essas sejam muitas vezes projetadas para consolidar o Capital através do uso negentrópico uso de energias roubadas (ciclos de exploração do trabalho como preço “real” do ouro), no Dia dois os participantes da oficina ludicamente transformaram os minerais garimpados em novos arranjos para noite final em um evento de salão com bebidas de ouro/prata e performances em amplificadores com sub-graves.

Operando numa economia de transdução, que é, da transdução de materiais para valor, consumo e energia, retroalimentação aparece como um mecanismo regulatório na aparentemente irrepreensível necessidade do Capital por desenvolvimento. Retroalimentação é o resultado de qualquer relação causal circular que acontece dentro de um sistema, e retroalimentação negativa é onde a ação e seus efeitos retorna ao sistema de forma a ajustar as performances do sistema. O jogo do “animal, mineral, vegetal” (ou “Vinte questões”[1]) é o sistema regulado onde os erros são interrogados para melhorar a performance, e a informação requerida para identificar alguns pensamentos sobre objetos são no máximo vinte bits (de informação).

Este jogo, juntamente com a definição de Cibernética de Norbert Wiener e a definição de “Teoria da Informação” de Claude Shannon entraram em cena pelo fim dos anos 1940, pressentindo sua instalação em todo lugar onde o mise-en-scène do Capital crescia no centro do palco. O alvo declarado da cibernética é entender o comportamento inteligente dos sistemas focando em sua “comunicação, controle e mecânica estatística, seja na máquina ou no tecido vivo” e estendido para encampar cérebros, “máquinas computantes e sistema nervoso”, todos caracterizados como sistemas auto regulados feitos de redes nodais escaladas. Rapidamente identificando que esta regulação é mais efetiva em passar a informação através do sistema, suas noções fundamentais são fundadas nestas informações, retroalimentação, entropia e ambiente. Comportamentos futuros seriam ajustados pela retroalimentação da performance com a máxima adaptabilidade para autorregulação e auto reprodução. Os materiais são descontextualizados de qualquer coisa que não seja mecanicamente nodal na modelagem e governança da nava-mãe Terra ( classificação e prazo de validade de alimentos por exemplo) e reciclar é subentendido como um mantra crucial para sustentar a teia desta vida.

À luz de uma nova ecologia, onde os sistemas são agora vistos como menos holísticos e mais dinâmicos, cada mudança numa série de eventos imprevisíveis com relações nodais nunca balanceadas em um estado estável, a modelagem agora incorpora tal dinâmica de mecanismos de retroalimentação positiva como uma parte crucial guiando os circuitos da auto organização (Faça Você Mesmo, Peer 2 Peer, etc.) esquivamente recombinada pelo Capital em uma transdução acelerada daquilo que descontextualiza do valor. Este malefício transcendental, a transcendental dominação material pelo Capital, com seu agenciamento eficiente e crescimento como suas maiores ficções, acelera e renova os lucros reciclando através do abuso de recursos e guia a extensão da não-produção através da cristalização final da Cultura e do Capital juntas, como sujeitos exaustos sucumbindo às florestas cristalinas de JG Ballards , o Mundo de Cristal.

Onde a política deixa um espaço vazio, ainda programa as declinações do universal, e todos os planos de inconsistência são registrados pelo Capital e seus controles mutantes e montagens conectivas, onde os hackers são eminentemente assim que evocam um sentido de “fazer as coisas antes de terem um sentido” - de uma maneira que suas rupturas de curta escala possam propagar o capital anti-delírio , ansioso para colher tais entradas tão livres para a circulação de seu Poder.

Descristalização inicia sem explicação, o que é, uma ideia primal e natural, prontificada em parte por uma desconfiança pessoal. Mas sua não-explicação e não-tradução poderia também ser vista como uma recusa do controle de funções que de outra maneira estaria localizada nestes ciclos de retroalimentações preferidos pelo Capital. Ao invés disso, aquilo que acaba de ir-se e aquilo que acaba de chegar são ambos desconhecidos, sem uma embalagem, ciclo ou outra coisa, e autonomamente suplementar a ontogênese destes em desdobrar um fantasma ecológico através da maçaroca de vários corpúsculos materiais. E nesta coisa de fuçar em “matéria obscura” que da a descristalização esta dimensão visceral para despedaçar a isometria destes cristais invariantes isto tudo atenta para escalar contra a exaustão Capital de nossos futuros.

Traduzido por Glerm Soares & Fabi Borges.


Nota do tradutor: [1] “Twenty Questions” era um jogo do século XIX que ficou popular nos EUA primeiro no rádio (1946+) e na TV entre 1949 e 55. No Reino Unido, a versão para rádio ocorreu entre 1947 e 1976.